sexta-feira, 16 de novembro de 2012

TIPOS DE BIPOLARIDADE

TIPOS DE BIPOLARIDADE

A bipolaridade pode se manifestar em diversos graus e padrões, que são representados em uma classificação de I a IV, além da ciclotimia.

Tipo 1
É a forma mais intensa de bipolaridade por apresentar fases de mania plena, com consequências maiores e franca alteração do humor. Também ocorrem fases de hipomania.
Relato de Caso:
Leandro sempre foi ativo e social, mas com 22 anos começou a ter fases em que ficava mais hostil e arrogante. Chegou a ter alguns problemas em festas e aumentou o consumo de álcool. Começou a ficar mais agitado durante uma semana, falando muito, com muitas ideias e poucas horas de sono por noite.
Na semana seguinte ficou claramente eufórico, acelerado, não parava de falar, trocava de assunto toda hora, tomava a liberdade de abraçar e beijar mesmo quem não conhecia, querendo lhes passar sua "energia contagiante", pois se sentia iluminado e poderoso (quadro de mania).
Sua namorada reclamou da busca excessiva de sexo e da indiscrição de Leandro ao cantar suas amigas na frente dela. Seus pais percebiam que algo de muito anormal estava acontecendo e, por causa da sua indiscrição social, da grandiosidade desmedida e dos gastos desmedidos de Leandro em festas e em acessórios para o carro, foi feita uma internação.
Leandro melhorou bastante com o tratamento com lítio e uma dose baixa de um antipsicótico, tendo alta três semanas mais tarde. No entanto, se negou a continuar o tratamento, o que o levou a ter uma nova crise maníaca seis meses mais tarde, dessa vez ficando internado por um mês.
Permaneceu em tratamento por um ano sem crises e por conta própria foi reduzindo a medicação e se afastando do seu psiquiatra. Quatro meses mais tarde teve um período de uma semana com sintomas de euforia e aceleração, que logo evoluíram para uma fase depressiva com muita apatia e sono.
Ficou internado por 5 semanas, voltou a tomar estabilizadores de humor com boa recuperação e desde então está bem engajado no tratamento, sem crises há 3 anos.

Tipo 2
É uma forma de bipolaridade com fases de hipomania, em que há clara alteração do humor, mas não tão intensa e problemática quanto a do tipo I.
Relato de Caso:
Joana era conhecida pelo seu temperamento forte e seu estilo extravagante. Na escola, era líder da turma e algumas vezes enfrentou os professores. Em sua profissão teve um destaque precoce pela ousadia, originalidade e dedicação extra aos projetos que criava, aos quais se entregava de corpo e alma. Nesses momentos, ficava pilhada, só falava nos seus projetos, dormia pouco, gastava demais em produtos de beleza e às vezes ficava irritada e intransigente com os outros, que não seguiam o seu ritmo (hipomania).
Aos 24 anos passou a ter momentos de muita ansiedade e irritabilidade, comia exageradamente, se desorganizou nas contas e seu padrão de sono ficou instável (humor misto). Passou então a sentir-se triste, emotiva, sem ânimo para trabalhar, algumas noites tinha insônia porque o pensamento não parava e em outras fases dormia até 12 horas seguidas. Esse período instável durou cerca de 3 meses e melhorou espontaneamente na primavera.
Alguns meses mais tarde os sintomas voltaram e ela os relatou para o seu ginecologista, que lhe prescreveu um antidepressivo. Joana sentiu que piorou da ansiedade e ficou ainda mais agressiva. Parou o tratamento em uma semana e o ginecologista a encaminhou para um psiquiatra, que sugeriu outro antidepressivo. Dessa vez a medicação teve um efeito rápido, sendo que estava bem melhor em uma semana (o que é rápido demais para um efeito antidepressivo genuíno), mas depois de 6 meses voltaram os sintomas de maneira mais leve.
O aumento da dose do antidepressivo a deixou mais agitada, sem melhora, com oscilações de humor frequentes. Resolveu trocar de psiquiatra, que revisou o caso junto com a família e dessa vez identificou os sintomas prévios de hipomania e a história de bipolaridade e alcoolismo na família materna. Associou então um estabilizador de humor e aos poucos foi retirando o antidepressivo.
Joana hoje se sente bem, sem os excessos de antigamente, sem sintomas depressivos e sem efeitos colaterais da medicação. Pode reorganizar sua rotina, passou a fazer exercícios físicos e a dormir mais, o que possibilitou uma pequena redução da dose do estabilizador de humor.

Tipo 3

É semelhante ao tipo II, mas o quadro de hipomania ou até mania acontece só com o uso de antidepressivos ou psicoestimulantes. No entanto, o temperamento da pessoa tende a ser mais forte e dinâmico e pode voltar a ter elevações espontâneas do humor mais tarde.
Relato de Caso:
Adriana era uma arquiteta casada que teve um filho aos 28 anos. Alguns dias após o parto, ficou chorosa e desanimada, com dificuldades de cuidar do filho, mas se recuperou um mês mais tarde sem tratamento. Aos trinta anos voltou a sentir tristeza e desânimo, o sono aumentou para 11 horas por dia, não conseguia se levantar de manhã e passou a ter dificuldades de concentração no trabalho.
Como não melhorava, procurou uma psicóloga, que identificou sua fase depressiva, iniciou uma psicoterapia de apoio e a encaminhou para o psiquiatra para medicá-la. O psiquiatra prescreveu um antidepressivo e um calmante.
Adriana passou a se sentir muito bem em duas semanas, largou a terapia, começou a sair com as amigas solteiras para festas e a comprar roupas caras. Seu marido começou a perder a paciência e disse a Adriana que ela estava muito saliente e gastando sem necessidade (hipomania). Adriana disse que a vida era para ser vivida intensamente e que se ele não estivesse satisfeito, que fosse embora.
Seu marido ligou para o psiquiatra, que percebeu a virada do humor para a hipomania e orientou que suspendessem o antidepressivo e o procurassem no dia seguinte. Adriana foi a contragosto, mas o psiquiatra explicou que o antidepressivo fez com que ficasse eufórica, imprudente e com excesso de energia, e por isso, sua medicação tinha que ser trocada.
Adriana aceitou a mudança para um estabilizador de humor por entender que isso estava prejudicando suas relações. A retirada do antidepressivo causou algum desconforto, como tonturas e ansiedade, mas em uma semana seu marido informou que ela estava de novo reagindo como costumava.
Semanas mais tarde, Adriana reclamou de que estava se sentindo sem graça, vendo a vida em preto e branco. O psiquiatra aos poucos substituiu seu remédio por um outro estabilizador de humor mais eficaz para fases depressivas e Adriana ficou muito bem, mas sem excessos, riscos ou euforia.

Tipo 4

São pessoas que têm um temperamento mais arrojado, empreendedor, jovial e expansivo, que passam a ter o humor mais turbulento e depressivo na meia-idade. 
Relato de Caso:
César era um empresário que tinha se destacado na carreira pela ousadia e criatividade, fazendo com que seu pequeno negócio virasse uma empresa de referência na área.
Aos 53 anos, procurou o psiquiatra por perceber que não tinha mais prazer no seu trabalho, tinha enjoado dos amigos, achava que todos à sua volta queriam "puxar o saco" para tirar vantagem, e passou a ficar mais tempo em casa na cama, pensando inclusive em se matar.
Seu pai havia sido um homem arrojado e festeiro, tinha ganhado e perdido muito dinheiro na vida, e acabou cometendo o suicídio aos 56 anos de idade em uma fase turbulenta.
O psiquiatra identificou as manifestações de humor elevado e instável, assim como o temperamento forte de César e seu pai. Por isso, prescreveu um estabilizador de humor eficaz nas fases depressivas e propôs uma terapia breve.
César ficou bem melhor em poucas semanas e também mudou seu estilo de vida, passando a valorizar o contato com a família e os amigos, voltou a fazer trabalhos em madeira como hobby e a jogar tênis. Há 4 anos não tem alterações de humor e se diz muito satisfeito com sua vida.

Ciclotimia

É um humor oscilante e desregulado, com sintomas de humor elevado e depressivo, mas que não chegam a configurar fases marcadas de hipomania ou depressão.
Relato de Caso:
Fernanda é uma pessoa conhecida pelo seu temperamento forte, pelo seu estilo 8 ou 80 e pela franqueza. É muito influente no seu grupo de amigas e no escritório de advocacia em que trabalha. No entanto, seus relacionamentos íntimos eram muito conturbados pela instabilidade do seu humor, que esteve melhor enquanto fazia exercícios físicos 4 vezes por semana.
Nos últimos 2 anos, no entanto, percebe que as fases de irritabilidade e apatia ficaram mais fortes e frequentes. Fica indignada por não conseguir aproveitar o que tem, como se sempre estivesse faltando alguma coisa.
Quando foi à psiquiatra, disse ter puxado ao seu pai, que tinha frequentes ataques de explosividade e humor carregado. Quando a psiquiatra perguntou se era uma pessoa de altos e baixos, Fernanda respondeu: "TOTAL!".
O primeiro estabilizador de humor foi substituído por causa de um efeito colateral, mas o segundo foi eficaz e bem tolerado. Voltou com seu ex-namorado, que brinca ao dizer que não voltou a namorar a mesma Fernanda, porque aquela Fernanda explosiva, irritada e ciumenta não tem nada a ver com a atual.

Depressão unipolar
Não faz parte da bipolaridade.

Trata-se de uma queda do humor, em geral mais gradual (semanas a meses) e relacionada com eventos estressores que a pessoa tenha vivenciado. O antidepressivo reestabelece o humor em algumas semanas sem causar excessos de humor na direção da mania.
Relato de Caso:
Eunice estava com 55 anos e era principal cuidadora da sua mãe, que estava com a doença de Alzheimer. Sua mãe vinha causando vários problemas pelo comportamento imprevisível e agitado, deixando Eunice sempre em estado de alerta. Essa situação já vinha ocorrendo há mais de um ano, mas vinha se agravando.
Eunice passou a se sentir impotente, chorava sozinha, perdeu o prazer em outras coisas, seu apetite diminuiu e passou a ter insônia. Seu desânimo começou a prejudicar seu rendimento e várias vezes queria fugir para bem longe de casa. Seu temperamento era cordial e sereno, e sua família não tinha história de bipolaridade.
O psiquiatra indicou o tratamento com um antidepressivo. Três a quatro semanas mais tarde, Eunice referiu estar se sentindo mais forte novamente e seus sintomas diminuíram bastante. Seu humor não ficou exaltado demais ou irritável.

Fonte:http://www.bipolaridade.com.br/

Um comentário:

  1. No deposit free spins casinos: free spins for 2021
    You may also want to keep an eye on online casinos where 온카지노 주소 you can play for free spins without risk and for real money.

    ResponderExcluir