sábado, 17 de novembro de 2012

ESQUIZOFRENIA

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, que se caracteriza pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma, com o olhar perdido, indiferente a tudo o que se passa ao redor ou, os exemplos mais clássicos, ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais escuta e imagina estar sendo vítima de um complô diabólico tramado com o firme propósito de destruí-la. Não há argumento nem bom senso que a convença do contrário.
Antigamente, esses indivíduos eram colocados em sanatórios para loucos, porque pouco se sabia a respeito da doença. No entanto, nas últimas décadas, houve grande avanço no estudo e tratamento da esquizofrenia que, quanto mais precocemente for tratada, menos danos trará aos doentes.

PRINCIPAIS SINTOMAS

Drauzio – A esquizofrenia é uma doença conhecida há quanto tempo?
Wagner Gattaz – Há alguns milênios eram descritos casos de psicose que, segundo os critérios atuais, poderiam ser classificados como esquizofrenia. Por isso, dizemos que a esquizofrenia é uma doença própria da natureza humana e que sempre existiu, pelo menos é o que provam descrições históricas muito antigas.
Drauzio – Quais são seus principais sintomas?
Wagner Gattaz – Grosso modo, há dois tipos de sintomas: os produtivos e os negativos. Os sintomas produtivos são, basicamente, os delírios e as alucinações. O delírio se caracteriza por uma visão distorcida da realidade. O mais comum, na esquizofrenia, é o delírio persecutório. O indivíduo acredita que está sendo perseguido e observado por pessoas que tramam alguma coisa contra ele. Imagina, por exemplo, que instalaram câmeras de vídeo em sua casa para descobrirem o que faz a fim de prejudicá-lo.
As alucinações caracterizam-se por uma percepção que ocorre independentemente de um estímulo externo. Por exemplo: o doente escuta vozes, em geral, as vozes dos perseguidores, que dão ordens e comentam o que ele faz. São vozes imperativas que podem levá-lo ao suicídio, mandando que pule de um prédio ou de uma ponte.
Delírio e alucinações são sintomas produtivos que respondem mais rapidamente ao tratamento. No outro extremo, estão os sintomas negativos da doença, mais resistentes ao tratamento, e que se caracterizam por diminuição dos impulsos e da vontade e por achatamento afetivo. Há a perda da capacidade de entrar em ressonância com o ambiente, de sentir alegria ou tristeza condizentes com a situação externa.

Drauzio – Cite exemplo de um caso que você encontrou na clínica.
Wagner Gattaz – Vou citar o exemplo de um caso de esquizofrenia do tipo paranoide que ocorreu ainda no tempo da Guerra Fria. O paciente tinha convicção absoluta de que a energia de seus pensamentos estava sendo roubada por um satélite russo e era transformada em energia bélica para destruir os satélites americanos.

Drauzio – O paciente considera o que sente absolutamente lógico e real?
Wagner Gattaz – Existe uma lógica perfeita dentro do delírio, só que ela não corresponde à realidade. Uma das características do delírio, aliás a que o diferencia do erro, é que não se consegue removê-lo com contra-argumentação lógica. A convicção é absoluta e tentar dissuadi-lo, é inútil. Ouvir – “Imagine, você não está sendo perseguido. Você está imaginando coisas” -, basta para acreditar que está diante de mais um de seus perseguidores, de alguém que faz parte do complô armado para destruí-lo.

SINTOMAS NEGATIVOS

Drauzio – Como transcorre o dia a dia de um paciente com sintomas negativos?
Wagner Gattaz – Na verdade, 80% das esquizofrenias começam com os sintomas negativos. Delírio e alucinação chamam mais a atenção. Já os sintomas negativos ocorrem mais no íntimo das pessoas e causam menos impacto nos outros. É o caso do indivíduo que, certo dia, não vai trabalhar, não avisa ninguém e passa o dia todo deitado, tomando café e fumando. A família percebe o olhar distante, como se estivesse em outro mundo. Ele não se importa com o que acontece ao redor, não cuida da higiene pessoal nem se alimenta direito. Geralmente, esses sintomas marcam o começo da doença, a fase chamada tremapsicótico, marcada por tensão e ansiedade muito grande. A pessoa sente que algo está acontecendo, mas não sabe dizer o que é.

Drauzio – A família percebe que ele está diferente e não se relaciona com os outros como fazia antes. O paciente nota essas mudanças?
Wagner Gattaz – Ele percebe que algo está acontecendo a seu redor, mas acha que são coisas que os outros estão armando contra ele. Isso é característico da esquizofrenia. O paciente se considera uma vítima das circunstâncias externas. Na verdade, nesse momento, não tem a consciência crítica de que está adoecendo.

EVOLUÇÃO DO PROCESSO ESQUIZOFRÊNICO

Drauzio – Você diz que, em geral, a doença começa por um certo alheamento em relação às circunstâncias que rodeiam o paciente e que o quadro de alucinações e delírios surge mais tarde. Como se processa a evolução da doença?
Wagner Gattaz – Varia de indivíduo para indivíduo. O processo esquizofrênico pode levar anos. Como já mencionei, na fase inicial, a sensação de que algo está acontecendo, mas o paciente não sabe o quê, é caracterizada por muita tensão e ansiedade. Em determinado momento, porém, ele fala – “Estou sem forças, porque estão tramando algo contra mim e colocaram veneno na minha comida”.  Essa explicação delirante é suficiente para diminuir o nível de tensão e ansiedade. É como se a pessoa tivesse uma dor de causa desconhecida e, de repente, chegasse a um diagnóstico que, de algum modo, a tranquilizasse.

Drauzio – Esses sintomas, tanto os produtivos quanto os negativos, comprometem outras áreas da cognição. Eles permitem que a pessoa continue estudando, aprendendo coisas novas, exercendo suas funções no trabalho?
Wagner Gattaz – Durante um certo tempo sim, enquanto a vontade e os impulsos estiverem preservados. A partir do momento em que são diminuídos e achatados, a atividade do dia a dia fica seriamente prejudicada. Num estágio mais avançado da doença, ocorre prejuízo cognitivo e de funções como concentração e memória.

REAÇÃO DOS FAMLIARES E CONSUMO DE DROGAS

Drauzio – Como costumam reagir os familiares quando percebem que a pessoa não vai trabalhar, está esquisita e menos afetuosa?
Wagner Gattaz – No início, a reação é de perplexidade. A família não encontra explicações para a mudança de comportamento e uma das primeiras perguntas que faz é se a pessoa não estaria consumindo drogas. Quando começam as alucinações, então, aumenta a suspeita de que isso possa realmente estar acontecendo.
Na verdade, o uso de drogas não é raro na esquizofrenia, não como causa, mas como consequência. Sabemos que, no início, algumas drogas exercem certo efeito sedativo, tranquilizante, o que nas fases de ansiedade e tensão pode melhorar o humor do paciente.

Drauzio – Qual a droga procurada com mais freqüência? Existe alguma que acelera o processo de instalação da esquizofrenia?
Wagner Gattaz – A mais procurada é o álcool. A maconha também é usada, porém com menos frequência. Consumo de drogas mais pesadas costuma ser raro.
Bom lembrar que as anfetaminas, popularmente conhecidas de bolinhas, quando tomadas em excesso, podem provocar psicoses clinicamente idênticas à esquizofrenia. Clinicamente, é impossível diferenciá-las. Aliás, o melhor modelo artificial de uma psicose esquizofrênica é o causado pelas anfetaminas. A cocaína também pode provocar quadros psicóticos semelhantes, mas não tão característicos quanto aos das anfetaminas.

Drauzio – Sabe-se que a cocaína provoca delírios persecutórios. O álcool pode disparar processos semelhantes? Tive um paciente que bebia muito e acordou no meio da noite ouvindo uma voz que o mandava matar a mulher. Ficou tão apavorado, que saiu a andar pelas ruas. Quando voltou para casa pediu à mulher que o levasse para o hospital, porque algo de errado estava acontecendo com ele. 
Wagner Gattaz – O álcool pode desencadear paranoias. A grande diferença entre a paranoia da esquizofrenia e a alcoólica reside no fato de que, neste último caso, os pacientes reconhecem a anormalidade da situação e pedem ajuda. Isso não ocorre pelo menos no primeiro surto esquizofrênico. Com o tempo, entretanto, alguns pacientes aprendem a detectar os chamados pródomos da doença, ou seja, as manifestações que antecedem o desencadear da psicose. Esses ligam para o médico, pedem ajuda, querem rever a medicação. Infelizmente, não mais do que 20% dos pacientes com esquizofrenia têm esse insight, isto é, a capacidade de perceber a crise psicótica está voltando.

MANIFESTAÇÃO NOS DOIS GÊNEROS

Drauzio – Em geral, a esquizofrenia se instala em que faixa de idade?
Wagner Gattaz - A esquizofrenia se instala em pessoas jovens. O pico da instalação se dá, no homem, por volta dos 25 anos de idade. A mulher parece estar um pouco mais protegida. Nela a doença ocorre mais tarde, por volta dos 29/30 anos. A incidência, porém, é igual nos dois sexos. A proporção é de um homem para cada mulher com a doença.

Drauzio – Nas mulheres, a evolução é mais lenta e menos grave do que nos homens?
Wagner Gattaz – É mais benigna na mulher. Mais benigna provavelmente por dois fatores: a instalação da doença ocorre mais tarde e elas se casam mais cedo. Assim, antes da manifestação da psicose, a mulher tem a possibilidade de construir uma rede social e familiar que vai ajudá-la no decorrer da doença. Coisas simples como tomar medicação de forma adequada e procurar o médico precocemente fazem muita diferença.
Por casar-se mais tarde e a doença instalar-se mais cedo, frequentemente o homem não construiu ainda uma estrutura familiar que lhe dê respaldo. Outro motivo, ainda objeto de pesquisa, que torna a doença mais amena na mulher, é que os hormônios sexuais femininos, os estrógenos principalmente, têm na célula nervosa um efeito semelhante ao dos medicamentos antipsicóticos. É como se a mulher possuísse um antipsicótico endógeno protegendo-a contra as manifestações da doença.

Drauzio – Isso justificaria a instalação mais tardia e a evolução mais benigna da doença na mulher?
Wagner Gattaz – Sem dúvida. É raro o homem adoecer pela primeira vez depois dos 40 anos de idade. No entanto, cerca de 10% das mulheres têm o primeiro surto psicótico esquizofrênico depois dos 45 anos, época em que ocorre a menopausa e cai a produção de estrógenos.

ÍNDICE DE PREVALÊNCIA

Drauzio – Qual o índice de prevalência da esquizofrenia na população de modo geral?
Wagner Gattaz – A esquizofrenia é uma doença frequente e universal que incide em 1% da população. Ocorre em todos os povos, etnias e culturas. Existem estudos comparativos indicando que ela se manifesta igualmente em todas as classes socioeconômicas e nos países ricos e pobres. Isso reforça a ideia de que a esquizofrenia é uma doença própria da condição humana e independe de fatores externos. Em cada 100 mil habitantes, surgem de 30 a 50 casos novos por ano.  Neste momento, 5% da população mundial têm esquizofrenia. Portanto, em termos de Brasil, isso significa que 800 mil habitantes são portadores dessa doença.

FATORES GENÉTICOS E AMBIENTAIS

Drauzio – O fato de a incidência da esquizofrenia ser mais ou menos igual em todas as sociedades faz supor que exista uma base neurobioquímica que justifique seu aparecimento.
Wagner Gattaz – Existe um componente genético importante. O risco sobe para 13%, se um parente de primeiro grau for portador da doença. Quanto mais próximo o grau de parentesco, maior o risco, chegando ao máximo em gêmeos monozigóticos. Se um deles tem esquizofrenia, a possibilidade de o outro desenvolver o quadro é de 50%.

Drauzio – Como não são todos da mesma família que desenvolvem o quadro, é possível pensar que fatores ambientais colaborem para o aparecimento da doença?
Wagner Gattaz – Estudos genéticos são o melhor argumento de que nem tudo é genético. Existe uma contribuição ambiental. Pena que até hoje não tenhamos conseguido isolar um único fator que aumente com certeza o risco.
Nesse sentido, a esquizofrenia pode ser comparada a muitas outras doenças em que não existem 100% de penetrância genética. É necessário haver uma interação de fatores gerais que vão desde o nascimento (há um número maior de esquizofrênicos nascidos nos meses mais frios) até fatores dietéticos, mas sem uma resposta conclusiva. Sabe-se que existe uma gama de fatores que causam ou impedem o desencadeamento da doença.

EVOLUÇÃO DO TRATAMENTO

Drauzio – No passado, o tratamento da esquizofrenia era precário. Hoje, houve um grande avanço farmacológico nessa área. Qual a melhor estratégia para tratar uma pessoa com essa doença?
Wagner Gattaz – Realmente, o progresso foi muito grande. Na verdade, começou no início dos anos 1950 com a introdução do primeiro medicamento antipsicótico. Ele provocou um esvaziamento dos hospitais psiquiátricos que eram usados como asilos para esses pacientes no passado. De lá para cá, esses medicamentos evoluíram muito. Hoje existem medicamentos com poucos efeitos colaterais que atuam nos sintomas negativos da doença.
Essa é a questão-chave. Como foi dito, o paciente com psicose esquizofrênica nem sempre tem consciência crítica de seu estado mórbido. Por que iria, então, tomar remédios para o resto da vida, ainda mais se têm efeitos adversos? Por isso, a principal causa de recaída da doença era o abandono do tratamento. Com o advento de novos medicamentos que são mais bem tolerados, aumentou a aderência do paciente ao tratamento e sua continuidade mesmo depois que desaparecem os sintomas.
Além disso, como qualquer doença na medicina, quanto mais precocemente começar o tratamento, melhor. Não só porque o início precoce impede que a doença provoque danos mais sensíveis na personalidade do paciente, mas também evita que ele abandone sua rotina de vida, os estudos, sua atividade profissional, preservando a estrutura socioeconômica que melhora muito o prognóstico.
Existem estudos denominados “Intervenção Precoce” que defendem o início do tratamento antes da manifestação completa da doença. Um deles está em andamento no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Quando se detecta alto risco para a psicose, e existem critérios para determinar isso, prescreve-se o tratamento precoce a fim de evitar o desenvolvimento completo da doença.

Drauzio – Qual é a eficácia do tratamento?
Wagner Gattaz – O tratamento tem boa eficácia para fazer regredir os sintomas negativos. Em muitos casos de adultos jovens e adolescentes, é possível conseguir que eles não interrompam suas atividades e mantenham boa reintegração social, o que evita muitos danos causados pela esquizofrenia.

Drauzio – Esses medicamentos ainda produzem alguns efeitos colaterais. Quais são os mais frequentes?
Wagner Gattaz – A primeira geração de medicamentos, que continuam sendo usados inclusive porque são mais baratos, atua bloqueando o sistema cerebral da dopamina. Esse bloqueio simula os sintomas da doença de Parkinson, uma patologia causada exatamente pela falta de dopamina no cérebro, e ocorrem problemas motores, tremores, torcicolos violentos e rigidez muscular.
Esses efeitos colaterais mais graves da primeira geração foram amplamente abolidos com os medicamentos introduzidos na última década. São mais caros, embora não custem muito se comparados com outros métodos terapêuticos na medicina. Alguns deles provocam ganho de peso, que pode ser controlado com a troca do remédio.

Drauzio – A administração desses medicamentos é cômoda para os pacientes?
Wagner Gattaz – A administração é cômoda, uma dose tomada por dia. Atualmente, estão sendo introduzidos antipsicóticos injetáveis, isto é, uma injeção que o paciente toma a cada duas ou quatro semanas. Isso facilita muito o tratamento e sua manutenção.

ORIENTAÇÃO AOS FAMILIARES E PACIENTES

Drauzio – Como devem ser orientados os familiares para lidar com os doentes?
Wagner Gattaz – A primeira medida é esclarecer a família sobre as características da doença. Ela precisa entender que, se por acaso o paciente teve um surto de nervosismo ou agressividade (o que é raro em esquizofrenia), não se trata de mau caratismo ou maldade. Ele tem uma doença orgânica como qualquer outra, uma doença neuroquímica da qual é muito mais vítima do que agente malfeitor.
Essa informação ajuda a família a compreender melhor o problema e as necessidades do doente. Em um terço dos casos, mesmo a psicose desaparecendo, fica uma pequena sintomatologia residual. A pessoa não volta mais a ser a mesma. Permanece a diminuição dos impulsos e ela não consegue mais dar conta do que fazia antes. Por isso, muitas vezes, é preciso baixar as expectativas em relação ao portador de esquizofrenia. Esse é um fator que pode até ser medido em questionários conhecidos como “Emoções Expressas da Família”. Trabalhos mostram que, quando se reduz a pressão familiar, melhora o prognóstico e diminui o número de recaídas.

Drauzio – Além da medicação, o que você recomenda aos doentes quanto ao estilo de vida?
Wagner Gattaz – Passado o surto agudo, os pacientes podem beneficiar-se participando de diferentes programas que vão ajudá-lo a reintegrar-se na sociedade. São programas que incluem desde terapia cognitiva específica para transtornos esquizofrênicos a fim de ensiná-los a  lidar com os sintomas e a doença, até um treinamento de profissionalização para aqueles que não conseguem retomar as atividades que exerciam antes ou treinamento em oficina abrigada para ajudá-lo a reintegrar-se na sociedade. O tratamento ideal é sempre o que proporciona melhor reintegração social do paciente.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

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TRATAMENTOS DE BIPOLARIDADE

Como regra, quem tem bipolaridade do humor se beneficia enormemente do tratamento, que envolve uma combinação de abordagens, como a psicoeducação (conhecer o próprio temperamento, o seu padrão de humor e a bipolaridade), psicoterapia (para harmonizar os padrões de pensamento, de relacionamento e elaborar novas estratégias), bons hábitos de vida e tratamento farmacológico com estabilizadores de humor. 
Os antidepressivos devem ser reservados para casos restritos porque muitas vezes desestabilizam ainda mais o humor.
Estabilizadores de humor não-farmacológicos
Sono de 7 a 9 horas por dia
Exercício físico, principalmente aeróbico
Boas relações afetivas, ter um bom grupo social, ter um confidente
Artes, hobbies, esportes, meditação, animal de estimação...
Alimentação saudável, particularmente peixe
Trabalhar com o que gosta de fazer
Primar pelo meio-termo e a ponderação nos momentos difíceis
Fé e espiritualidade

TIPOS DE BIPOLARIDADE

TIPOS DE BIPOLARIDADE

A bipolaridade pode se manifestar em diversos graus e padrões, que são representados em uma classificação de I a IV, além da ciclotimia.

Tipo 1
É a forma mais intensa de bipolaridade por apresentar fases de mania plena, com consequências maiores e franca alteração do humor. Também ocorrem fases de hipomania.
Relato de Caso:
Leandro sempre foi ativo e social, mas com 22 anos começou a ter fases em que ficava mais hostil e arrogante. Chegou a ter alguns problemas em festas e aumentou o consumo de álcool. Começou a ficar mais agitado durante uma semana, falando muito, com muitas ideias e poucas horas de sono por noite.
Na semana seguinte ficou claramente eufórico, acelerado, não parava de falar, trocava de assunto toda hora, tomava a liberdade de abraçar e beijar mesmo quem não conhecia, querendo lhes passar sua "energia contagiante", pois se sentia iluminado e poderoso (quadro de mania).
Sua namorada reclamou da busca excessiva de sexo e da indiscrição de Leandro ao cantar suas amigas na frente dela. Seus pais percebiam que algo de muito anormal estava acontecendo e, por causa da sua indiscrição social, da grandiosidade desmedida e dos gastos desmedidos de Leandro em festas e em acessórios para o carro, foi feita uma internação.
Leandro melhorou bastante com o tratamento com lítio e uma dose baixa de um antipsicótico, tendo alta três semanas mais tarde. No entanto, se negou a continuar o tratamento, o que o levou a ter uma nova crise maníaca seis meses mais tarde, dessa vez ficando internado por um mês.
Permaneceu em tratamento por um ano sem crises e por conta própria foi reduzindo a medicação e se afastando do seu psiquiatra. Quatro meses mais tarde teve um período de uma semana com sintomas de euforia e aceleração, que logo evoluíram para uma fase depressiva com muita apatia e sono.
Ficou internado por 5 semanas, voltou a tomar estabilizadores de humor com boa recuperação e desde então está bem engajado no tratamento, sem crises há 3 anos.

Tipo 2
É uma forma de bipolaridade com fases de hipomania, em que há clara alteração do humor, mas não tão intensa e problemática quanto a do tipo I.
Relato de Caso:
Joana era conhecida pelo seu temperamento forte e seu estilo extravagante. Na escola, era líder da turma e algumas vezes enfrentou os professores. Em sua profissão teve um destaque precoce pela ousadia, originalidade e dedicação extra aos projetos que criava, aos quais se entregava de corpo e alma. Nesses momentos, ficava pilhada, só falava nos seus projetos, dormia pouco, gastava demais em produtos de beleza e às vezes ficava irritada e intransigente com os outros, que não seguiam o seu ritmo (hipomania).
Aos 24 anos passou a ter momentos de muita ansiedade e irritabilidade, comia exageradamente, se desorganizou nas contas e seu padrão de sono ficou instável (humor misto). Passou então a sentir-se triste, emotiva, sem ânimo para trabalhar, algumas noites tinha insônia porque o pensamento não parava e em outras fases dormia até 12 horas seguidas. Esse período instável durou cerca de 3 meses e melhorou espontaneamente na primavera.
Alguns meses mais tarde os sintomas voltaram e ela os relatou para o seu ginecologista, que lhe prescreveu um antidepressivo. Joana sentiu que piorou da ansiedade e ficou ainda mais agressiva. Parou o tratamento em uma semana e o ginecologista a encaminhou para um psiquiatra, que sugeriu outro antidepressivo. Dessa vez a medicação teve um efeito rápido, sendo que estava bem melhor em uma semana (o que é rápido demais para um efeito antidepressivo genuíno), mas depois de 6 meses voltaram os sintomas de maneira mais leve.
O aumento da dose do antidepressivo a deixou mais agitada, sem melhora, com oscilações de humor frequentes. Resolveu trocar de psiquiatra, que revisou o caso junto com a família e dessa vez identificou os sintomas prévios de hipomania e a história de bipolaridade e alcoolismo na família materna. Associou então um estabilizador de humor e aos poucos foi retirando o antidepressivo.
Joana hoje se sente bem, sem os excessos de antigamente, sem sintomas depressivos e sem efeitos colaterais da medicação. Pode reorganizar sua rotina, passou a fazer exercícios físicos e a dormir mais, o que possibilitou uma pequena redução da dose do estabilizador de humor.

Tipo 3

É semelhante ao tipo II, mas o quadro de hipomania ou até mania acontece só com o uso de antidepressivos ou psicoestimulantes. No entanto, o temperamento da pessoa tende a ser mais forte e dinâmico e pode voltar a ter elevações espontâneas do humor mais tarde.
Relato de Caso:
Adriana era uma arquiteta casada que teve um filho aos 28 anos. Alguns dias após o parto, ficou chorosa e desanimada, com dificuldades de cuidar do filho, mas se recuperou um mês mais tarde sem tratamento. Aos trinta anos voltou a sentir tristeza e desânimo, o sono aumentou para 11 horas por dia, não conseguia se levantar de manhã e passou a ter dificuldades de concentração no trabalho.
Como não melhorava, procurou uma psicóloga, que identificou sua fase depressiva, iniciou uma psicoterapia de apoio e a encaminhou para o psiquiatra para medicá-la. O psiquiatra prescreveu um antidepressivo e um calmante.
Adriana passou a se sentir muito bem em duas semanas, largou a terapia, começou a sair com as amigas solteiras para festas e a comprar roupas caras. Seu marido começou a perder a paciência e disse a Adriana que ela estava muito saliente e gastando sem necessidade (hipomania). Adriana disse que a vida era para ser vivida intensamente e que se ele não estivesse satisfeito, que fosse embora.
Seu marido ligou para o psiquiatra, que percebeu a virada do humor para a hipomania e orientou que suspendessem o antidepressivo e o procurassem no dia seguinte. Adriana foi a contragosto, mas o psiquiatra explicou que o antidepressivo fez com que ficasse eufórica, imprudente e com excesso de energia, e por isso, sua medicação tinha que ser trocada.
Adriana aceitou a mudança para um estabilizador de humor por entender que isso estava prejudicando suas relações. A retirada do antidepressivo causou algum desconforto, como tonturas e ansiedade, mas em uma semana seu marido informou que ela estava de novo reagindo como costumava.
Semanas mais tarde, Adriana reclamou de que estava se sentindo sem graça, vendo a vida em preto e branco. O psiquiatra aos poucos substituiu seu remédio por um outro estabilizador de humor mais eficaz para fases depressivas e Adriana ficou muito bem, mas sem excessos, riscos ou euforia.

Tipo 4

São pessoas que têm um temperamento mais arrojado, empreendedor, jovial e expansivo, que passam a ter o humor mais turbulento e depressivo na meia-idade. 
Relato de Caso:
César era um empresário que tinha se destacado na carreira pela ousadia e criatividade, fazendo com que seu pequeno negócio virasse uma empresa de referência na área.
Aos 53 anos, procurou o psiquiatra por perceber que não tinha mais prazer no seu trabalho, tinha enjoado dos amigos, achava que todos à sua volta queriam "puxar o saco" para tirar vantagem, e passou a ficar mais tempo em casa na cama, pensando inclusive em se matar.
Seu pai havia sido um homem arrojado e festeiro, tinha ganhado e perdido muito dinheiro na vida, e acabou cometendo o suicídio aos 56 anos de idade em uma fase turbulenta.
O psiquiatra identificou as manifestações de humor elevado e instável, assim como o temperamento forte de César e seu pai. Por isso, prescreveu um estabilizador de humor eficaz nas fases depressivas e propôs uma terapia breve.
César ficou bem melhor em poucas semanas e também mudou seu estilo de vida, passando a valorizar o contato com a família e os amigos, voltou a fazer trabalhos em madeira como hobby e a jogar tênis. Há 4 anos não tem alterações de humor e se diz muito satisfeito com sua vida.

Ciclotimia

É um humor oscilante e desregulado, com sintomas de humor elevado e depressivo, mas que não chegam a configurar fases marcadas de hipomania ou depressão.
Relato de Caso:
Fernanda é uma pessoa conhecida pelo seu temperamento forte, pelo seu estilo 8 ou 80 e pela franqueza. É muito influente no seu grupo de amigas e no escritório de advocacia em que trabalha. No entanto, seus relacionamentos íntimos eram muito conturbados pela instabilidade do seu humor, que esteve melhor enquanto fazia exercícios físicos 4 vezes por semana.
Nos últimos 2 anos, no entanto, percebe que as fases de irritabilidade e apatia ficaram mais fortes e frequentes. Fica indignada por não conseguir aproveitar o que tem, como se sempre estivesse faltando alguma coisa.
Quando foi à psiquiatra, disse ter puxado ao seu pai, que tinha frequentes ataques de explosividade e humor carregado. Quando a psiquiatra perguntou se era uma pessoa de altos e baixos, Fernanda respondeu: "TOTAL!".
O primeiro estabilizador de humor foi substituído por causa de um efeito colateral, mas o segundo foi eficaz e bem tolerado. Voltou com seu ex-namorado, que brinca ao dizer que não voltou a namorar a mesma Fernanda, porque aquela Fernanda explosiva, irritada e ciumenta não tem nada a ver com a atual.

Depressão unipolar
Não faz parte da bipolaridade.

Trata-se de uma queda do humor, em geral mais gradual (semanas a meses) e relacionada com eventos estressores que a pessoa tenha vivenciado. O antidepressivo reestabelece o humor em algumas semanas sem causar excessos de humor na direção da mania.
Relato de Caso:
Eunice estava com 55 anos e era principal cuidadora da sua mãe, que estava com a doença de Alzheimer. Sua mãe vinha causando vários problemas pelo comportamento imprevisível e agitado, deixando Eunice sempre em estado de alerta. Essa situação já vinha ocorrendo há mais de um ano, mas vinha se agravando.
Eunice passou a se sentir impotente, chorava sozinha, perdeu o prazer em outras coisas, seu apetite diminuiu e passou a ter insônia. Seu desânimo começou a prejudicar seu rendimento e várias vezes queria fugir para bem longe de casa. Seu temperamento era cordial e sereno, e sua família não tinha história de bipolaridade.
O psiquiatra indicou o tratamento com um antidepressivo. Três a quatro semanas mais tarde, Eunice referiu estar se sentindo mais forte novamente e seus sintomas diminuíram bastante. Seu humor não ficou exaltado demais ou irritável.

Fonte:http://www.bipolaridade.com.br/

Como Tirar Passe Livre Interestadual

Os brasileiros com deficiências têm direito a tirar um passe livre interestadual que lhes possibilitará viajar gratuitamente por todo o país.

Este é um direito garantido as pessoas CARENTES portadoras de deficiências, seja deficiência física, visual, mental, ou renal crônica.

E os pacientes psiquiátricos também têm direito, como explicarei mais abaixo.

Para solicitar o passe é preciso comprovar que a família tem uma renda de, no máximo, um salário mínimo por pessoa. Enfim, um salário mínimo per capita, um salário mínimo por cabeça.

Ou seja, se você recebe dois salários mínimos, mas tem outra pessoa na sua casa que não tem renda, você tem direito ao passe por ser comprovadamente carente.

Outro exemplo: se você recebe quatro salários mínimos, mas tem três filhos pequenos que naturalmente não trabalham, você tem direito, pois a soma das pessoas da casa dá quatro.

Outro exemplo: se você e seu esposo ou esposa recebem cinco salários mínimos, mas têm três filhos pequenos que naturalmente não trabalham, você tem direito, pois a soma das pessoas da casa dá cinco. E assim por diante.

Documentos necessários para tirar o passe livre interestadual



Você deverá baixar o Atestado da Equipe Multiprofissional, uma papelada que deverá ser preenchida por profissionais, comprovando a deficiência.

No caso das pessoas que fazem tratamento psiquiátrico, o psiquiatra e um outro profissional de saúde mental deverão preencher o Atestado da Equipe Multiprofissional.

Você pode baixar o Atestado da Equipe Multiprofissional indo ao site http://www.transportes.gov.br/index/conteudo/id/36037

Depois você deverá preencher o Requerimento - Formulário Modelo.

Você pode baixar o Requerimento - Formulário Modelo indo ao site http://www.transportes.gov.br/index/conteudo/id/36043

Para ver mais informações sobre o passe, vá para a página do ministério dos transportes clicando aqui no link.

Os pacientes psiquiátricos de todo o Brasil têm direito ao passe livre interestadual.

As pessoas que fazem tratamento psiquiátrico contínuo podem solicitar o passe, inclusive, vários pacientes psiquiátricos já o possuem.

Várias pessoas com transtorno mental possuem o passe. Pois os psiquiatras e profissionais de saúde mental entendem que a pessoa, apesar de não ser deficiente mental, é considerada crônica, enfrenta várias dificuldades, e necessita muito de LAZER, que é essencial para sua recuperação.

Link para o Manual do Beneficiário, para que você possa se informar mais sobre o passe interestadual: http://www.transportes.gov.br/index/conteudo/id/36024

Link para o Requerimento - Formulário Modelo: http://www.transportes.gov.br/index/conteudo/id/36043

Link para o Atestado da Equipe Multiprofissional: http://www.transportes.gov.br/index/conteudo/id/36037

sábado, 14 de julho de 2012

Prezados,
Divulgo a 5ª Edição do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para Educadores de Escolas Públicas.
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), do Ministério da Justiça em parceria com Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) lançam a 5ª edição do Curso de Prevenção do Uso de Drogas para 70.000 Educadores de Escolas Públicas. O Curso é totalmente gratuito e executado pelo PRODEQUI/PCL/IP da Universidade de Brasília – UnB. Esta oferta é parte integrante do Plano “Crack, é possível vencer”, que no eixo prevenção prevê ampla capacitação para profissionais das redes de educação, segurança pública, saúde e assistência social, além de conselheiros e lideranças comunitárias e religiosas.
Todo o processo de inscrição e seleção deve ser acompanhado no site: http://educadores.senad.gov.br/
Inscrições de 02 a 15 de julho.
Certificação: os educadores cursistas aprovados receberão Diploma de Curso de Extensão Universitária, de carga horária de 180 horas, emitido pela Universidade de Brasília - UnB.

INFORMAÇÕES E DÚVIDAS:
Prodequi - Universidade de Brasília
(61) 3107-8912
Peço que repliquem aos seus contatos.


Setor Executivo dos Conselhos Municipais de Pindamonhangaba/SP
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sábado, 31 de março de 2012

LEGISLAÇÃO LEGISLAÇÕES SOCIAIS

Sistema Único de Assistência Social - SUAS
Lei n.º 12.435, de 6 de julho de 2011


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
Título VIII - Da Ordem Social


Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
Decreto n.º 914, de 6 de setembro de 1993


Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS
Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993


Política Nacional do Idoso
Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994


Lei Orgânica da Previdência Social
Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960


Estatuto do Idoso
Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003


Política Nacional de Saúde Mental
Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996


Lei Orgânica da Saúde
Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990


Estatuto da Criança e do Adolescente
Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990

LEGISLAÇÃO REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO ASSISTÊNCIA SOCIAL

LEGISLAÇÃO REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO/A ASSISTENTE SOCIAL (9ª EDIÇÃO)
Texto aprovado em 13/3/1993, com as alterações introduzidas pelas Resoluções CFESS nº290/94, 293/94, 333/96 e 594/11


LEI N.º 8.662, DE 7 DE JUNHO DE 1993
Dispõe sobre a profissão de Assistente Social, já com a alteração trazida pela Lei N.º 12.317, de 26 de agosto de 2010


LEI Nº 12.317, DE 26 DE AGOSTO DE 2010
Acrescenta dispositivo à Lei no 8.662, de 7 de junho de 1993, para dispor sobre a duração do trabalho do Assist. Social


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Aprovado em 9 de maio de 1986


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Aprovado em 30 de janeiro de 1975


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL
Aprovado em 8 de maio de 1965


CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS
Aprovado em Assembléia Geral da Associação Brasileira de Assistentes Sociais em 29 de setembro de 1947


Resolução CFESS no. 273/93 de 13 de março de 1993
Institui o código de ética profissional e dá outras providências


LEI 8662/1993 (publicada no Diário Oficial da União de 8 de junho de 1993)
Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências


POLÍTICA NACIONAL DE FISCALIZAÇÃO
Reformula as normas gerais para o exercício da Fiscalização Profissional e atualiza a Política Nacional de Fiscalização

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

IMPLANTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL

 
De acordo com o Portal Saúde os gestores devem seguir as orientações descritas abaixo:

1) Como deve ser a rede de saúde mental no seu município?
A rede de saúde mental pode ser constituída por vários dispositivos assistenciais que possibilitem a atenção psicossocial aos pacientes com transtornos mentais, segundo critérios populacionais e demandas dos municípios. Esta rede pode contar com ações de saúde mental na atenção básica, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), serviços residenciais terapêuticos (SRT), leitos em hospitais gerais, ambulatórios, bem como com Programa de Volta para Casa. Ela deve funcionar de forma articulada, tendo os CAPS como serviços estratégicos na organização de sua porta de entrada e de sua regulação.                         

 2) Rede de atenção psicossocial de acordo com o porte dos municípios.
Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, Álcool e Drogas (CAPS AD) e Infanto-juvenil (CAPSi). Quanto aos parâmetros populacionais para a implantação destes serviços são definidos da seguinte forma:
Municípios até 20.000 habitantes - rede básica com ações de saúde mental;
Municípios entre 20 a 70.000 habitantes - CAPS I e rede básica com ações de saúde mental;
Municípios com mais de 70.000 a 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS AD e rede básica com ações de saúde mental;
Municípios com mais de 200.000 habitantes - CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi, e rede básica com ações de saúde mental e capacitação do SAMU.
        A composição da rede deve ser definida seguindo estes parâmetros, mas também atendendo a realidade local.

 3) Como devem ser organizadas as ações de saúde mental na atenção básica?
As ações de saúde mental devem ser organizadas a partir da constituição de núcleos de atenção integral na saúde da família. Estas equipes deverão dar suporte técnico (supervisão, atendimento em conjunto e atendimento específico, além de participar das iniciativas de capacitação) às equipes responsáveis pelo desenvolvimento de ações básicas de saúde para a população (PSF e ACS).

Devem seguir os seguintes critérios:
Os núcleos devem ser constituídos em municípios acima de 40.000 habitantes, na proporção de 1 núcleo para cada 9 a 11 equipe de saúde da família, e para na   Amazônia, nos municípios acima de 30.000 habitantes, na proporção de 1 núcleo para cada 7 a 9 equipes de saúde da família.
A equipe de saúde mental deverá ser constituída por 1 psicólogo ou psiquiatra necessariamente e 1 terapeuta ocupacional e 1 assistente social.
As equipes devem estar articuladas preferencialmente aos CAPS, onde houver, ou a um outro serviço de saúde mental de referência.

(Ref.: Documento do Departamento da Atenção Básica/SAS - Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família)

4) Como implantar um CAPS?
Para a implantação do CAPS em seu município, deve-se primeiro observar o critério populacional, definido no item 2, para a escolha do tipo de CAPS mais adequado ao porte do município. O Ministério da Saúde repassa um incentivo antecipado para a implantação do serviço nos valores de R$ 20.000,00 (CAPS I), R$ 30.000,00 (CAPS II e CAPSi), R$ 50.000,00 (CAPS III e CAPSad).
           
Para a solicitação do incentivo antecipado deve-se seguir os seguintes procedimentos:
1) Encaminhar ofício com a solicitação do incentivo ao Ministério da Saúde, com cópia para a respectiva Secretaria de Estado da Saúde, com os seguintes documentos:

II - projeto terapêutico do serviço;
III - cópia das identidades profissionais dos técnicos compondo equipe mínima, segundo as diretrizes da Portaria 336/GM, de 19/02/02;
IV - termo de compromisso do gestor local, assegurando o início do funcionamento do CAPS em até 3 (três) meses após o recebimento do incentivo financeiro de que trata esta Portaria; e
V - proposta técnica de aplicação dos recursos.

            Se os CAPS não forem implantados em 90 dias, os recursos recebidos deverão ser devolvidos ao MS. Os incentivos serão transferidos em parcela única, aos respectivos fundos, dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, sem onerar os respectivos tetos da assistência de média e alta complexidade.
 (ref.: Portaria nº 245/GM, de 17 de fevereiro de 2005)

            Para a solicitação de cadastramento do serviço junto ao Ministério da Saúde deve-se seguir os procedimentos abaixo:
1) Requerer à Comissão Intergestores Bipartite, por meio do Secretário de Estado da Saúde, a aprovação do pedido de cadastramento do serviço;
2) Encaminhar processo de solicitação de cadastramentos ao Ministério da Saúde, instruído com a seguinte documentação:
A - Documentação da Secretaria Municipal de Saúde e do gestor.
B - Projeto Técnico do CAPS;
C - Planta Baixa do CAPS;
D - Discriminação da Equipe Técnica, anexados os currículos dos componentes;
E - Relatório de Vistoria realizada pela Secretaria de Estado da Saúde.

(Ref.: Portaria nº 336/GM, de 19/02/02 e Portaria nº 189/SAS de 20/03/02)

 5) Como implantar um serviço residencial terapêutico (SRT)?
O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) são casas localizadas no espaço urbano, constituídas para responder as necessidades de moradia de pessoas com transtornos mentais graves egressas de hospitais psiquiátricos ou hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, que perderam os vínculos familiares e sociais; moradores de rua com transtornos mentais severos, quando inseridos em projetos terapêuticos acompanhados nos CAPS. O número de usuários em cada SRT pode variar de uma pessoa até um pequeno grupo de no máximo 8 pessoas, que deverão contar com suporte profissional sensível às demandas e necessidades de cada um. Os SRTs deverão estar vinculados aos CAPS ou outro serviço ambulatorial. São prioritários para implantação de SRTs os municípios sede de hospitais psiquiátricos e com CAPS.
               
         Para implantar um SRT o gestor municipal deverá seguir os passos abaixo relacionados:
1º) Solicitar ao Ministério da Saúde o valor de incentivo antecipado para implantação no valor de R$ 10.000,00 para cada módulo (conforme Portaria nº 246/GM, de 17/02/05);
2º) Providenciar a casa com espaço físico compatível com o nº de moradores (máximo 8 moradores) e garantir, no mínimo, 3 refeições diárias;
3º) Garantir a equipe técnica mínima de suporte (conforme Portaria nº 106/GM de 11/02/00);
4º) Aprovar a implantação na Comissão Intergestores Bipartite;
5º) Enviar a documentação para cadastramento junto ao Ministério da Saúde (Portaria nº 246/GM, de 17/02/05);

6) Como incluir seu município no Programa de Volta para Casa?
O Programa De Volta Para Casa tem por objetivo garantir a assistência, o acompanhamento e a integração social, fora da unidade hospitalar, de pessoas acometidas de transtornos mentais, com história de longa internação psiquiátrica (2 anos ou mais de internação ininterruptos). É parte integrante deste Programa o auxílio-reabilitação, no valor de R$ 240,00, pago ao próprio beneficiário durante um ano, podendo ser renovado, caso necessário.

Pode ser beneficiário do programa De Volta Para Casa qualquer pessoa com transtorno mental que tenha passado dois ou mais anos internada, ininterruptamente, em instituições psiquiátricas e também aquela que mora em residência terapêutica ou que tenha vivido em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico (manicômio judiciário) pelo mesmo período.

Para habilitar o município no Programa de Volta para Casa (Portaria nº 2077/GM de 31/10/03):

 I) Solicitar ao MS, por meio de ofício, habilitação ao Programa, indicando as ações de saúde mental realizadas no município;
II) Aderir ao Programa, por meio da assinatura do Termo de Adesão que deve ser enviado ao MS (Portaria nº 2077/GM Anexo I);
III) Envio do cadastro dos potenciais beneficiários do Programa ( que atendam aos critérios acima listados).

 (Ref.: Lei 10.708, de 31/07/03 e Portaria nº 2077/GM de 31/10/03)

7) Como implantar um programa de atenção a álcool e outras drogas?
A política de atenção a álcool e outras drogas prevê a constituição de uma rede que articule os CAPSad e os leitos para internação em hospitais gerais (para desintoxicação e outros tratamentos). Estes serviços devem trabalhar com a lógica da redução de danos como eixo central ao atendimento aos usuários/dependentes de álcool e outras drogas. Ou seja, o tratamento deve estar pautado na realidade de cada caso, o que não quer dizer abstinência para todos os casos (para a implantação de CAPSad ver item 2)

            Serviços Hospitalares de Referência para Álcool e outras Drogas (SHRad) para municípios acima de 200.000 habitantes: estas unidades estão em fase final de regulamentação pelo Ministério da Saúde. Os principais objetivos dos SHRad serão o atendimento de casos de urgência/emergência relacionados a álcool e outras drogas (Síndrome de Abstinência Alcoólica, overdose, etc) e a redução de internações de alcoolistas e dependentes de outras drogas em hospitais psiquiátricos. Para isto, serão criados novos procedimentos com valor financeiro maior e menor tempo de internação, que somente poderão ser cobrados pelos SHRad. Estes serviços estarão localizados somente em hospitais gerais e poderão contar com, no máximo, 14 leitos.

 8) E o atendimento em hospitais psiquiátricos?
            A Política de Saúde Mental tem como uma de suas principais diretrizes a reestruturação da assistência hospitalar psiquiátrica, objetivando a redução contínua e programada de leitos em hospitais psiquiátricos, com a garantia da assistência destes pacientes na rede de atenção extra-hospitalar, buscando sua reinserção no convívio social. Para isso foi instituído, através das Portarias GM/MS nº 52 e 53, de 20 de janeiro de 2004, o Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar Psiquiátrica no SUS - PRH.

Para reduzir leitos em hospitais psiquiátricos o gestor local deverá:
1º) pactuar a redução com o prestador, através da assinatura de um Termo de Compromisso e Ajustamento que define as responsabilidades entre as partes.
2º) Encaminhar o termo de compromisso assinado ao Ministério da Saúde
3º) Efetivar a alteração do número de leitos junto ao CNES.

 (Ver Portarias GM/MS nº 52 e 53, de 20/01/04 e Portaria nº 251/GM de 31/01/02)

 9) Programa Permanente de Formação de Recursos Humanos para a Reforma Psiquiátrica, entre em contato com o Ministério da Saúde para saber o programa de formação mais adequado para seu município.

 CONTATOS DA COORDENAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE MENTAL
 Endereço eletrônico: saudemental@saude.gov.br
Sítio: http://pvc.datasus.ov.br
Telefones: (61) 315 2313/  3152684/ 315 2655/ 3153319
Fax: (61) 315 2313
Endereço:
Ministério da Saúde
Coordenação Geral de Saúde Mental/DAPE/SAS
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício Sede, 6º andar, sala 606
Brasília - DF
CEP: 70.058-900
Coordenador do Programa de Saúde Mental: edro Gabriel Godinho Delgado
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=24355&janela

Oração do Assistente Social


Pois é, Senhor,
as necessidades do meu próximo são tamanhas,
meu propósito de ser uma facilitadora tão honesto,
mas há momentos quando sinto meu coração pulsar mais rápido,
mais forte diante do sempre novo,
diante do inusitado.
Pois é, meu Pai,
todos pedem soluções, e eu olho para Ti;
eu Te peço a Fé, a Esperança e o Amor.
São as virtudes expressas na Tua Palavra,
ao lado do bendito fruto do Espírito,
tão próprio de quem abraça esta vocação:
o Amor (expressivo reforço), a Alegria, a Paz,
a Paciência, a Benignidade e a Bondade,
a Fidelidade, a Mansidão e o Autodomínio.
Não podia ser diferente:
eu sou a Assistente Social.
Peço Tua ajuda.
Sempre.
Por Cristo Jesus.
Amém.

O que a Bíblia ensina sobre Assistência Social



Por: Jonathan Ferreira dos Santos
Diretor da Associação Educacional e Beneficente Vale da Bênção, em Araçariguama, SP.
Artigo retirado da revista “Ultimato” de Maio-Junho 2002 ANO XXXV Nº 276

Somos filhos da reforma. Quando Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da Igreja de Wittemberg, estava fundamentando-as em três verdades: 1) salvação só pela graça, não pelas obras; 2) a Bíblia (não a tradição) como única regra de fé e prática; 3) sacerdócio universal dos salvos, não o clericalismo. Estas três verdades vêm influenciando o pensamento evangélico ao longo dos séculos. Contudo, precisamos reavaliar constantemente nossos pensamentos e práticas para verificar se não estão sendo mal interpretados.

É o caso da salvação somente pela graça: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8, 9, NTLH). Nada mais claro. Entretanto, freqüentemente nos esquecemos do versículo 10: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazer boas obras”. Como enfatizamos continuamente a salvação pela graça e dificilmente ouvimos uma mensagem sobre as boas obras, não é de admirar que nos esqueçamos de as praticar, especialmente as que se referem à assistência social.

É verdade que, em geral, os evangélicos são bondosos, quebrantados, ajudadores. Mas até pouco tempo atrás não era fácil encontrar uma instituição evangélica de assistência social. Mesmo hoje, algumas igrejas ainda relutam em envolver-se com projetos dessa natureza. A ênfase recai na evangelização. Via de regra, orfanatos, asilos, hospitais e escolas têm sido deixados para católicos e espíritas. Eles, sim, crêem na salvação pelas obras. O encontro pessoal com Jesus, sua aceitação como Salvador, o novo nascimento são experiências pouco pregadas e experimentadas entre eles. A necessidade da prática de boas obras se deve, desse modo, à incerteza da sua salvação. O resultado são os muitos projetos de assistência social.

Mas nós, evangélicos, que enfatizamos a salvação pela graça, o encontro pessoal com Jesus, e novo nascimento, a certeza da salvação podemos não perceber que as obras são importantes em nossa vida cristã.

Por que as obras são importantes?

Primeiro, por causa do julgamento final. Mateus 25.31-46 é um texto de difícil interpretação. Quando e com quem se dará esse julgamento? Como harmonizá-la com Efésios 2.8,9? Não é fácil responder. Mas não há como escapar do que Jesus disse: “Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: 'Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo. Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso e vocês me visitaram” (Mt 25.34-36, NTLH).

Segundo, as boas obras glorificam nosso Pai Celestial. Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5.16, NTLH).

Terceiro, as obras são uma evidência da fé. Foi isso que o apóstolo Tiago ensinou: “De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-la? Se um irmão ou uma irmã estiver necessitado de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até ficar satisfeito”, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta” (Tg 2.14-17). É bom lembrar que “fé morta” é sinônimo de “fé inexistente”. Mas, a fé viva produz boas Abras.

Exemplos Bíblicos

Desde o Antigo Testamento o povo era ensinado a praticar boas obras. A lei da rebusca ensinava que uma parte das espigas deveria ser deixada no campo para que os pobres viessem atrás, colhendo. Uma parte dos dízimos era reservada para ajudar os pobres. Órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres eram alvo de cuidado especial. Nada disso, entretanto, substituía o arrependimento, o perdão divino e a expiação de pecados. O único meio para a expiação de pecados era o sangue do cordeiro sacrificado no tabernáculo (Lv 17.11), que prefigurava Cristo, o Cordeiro de Deus. Assim, como no Novo Testamento, a salvação também era pela graça, por meio da fé. E as boas obras? Eram fruto do amor do Pai, expresso nos atos de misericórdia, e uma forma de glorificar a Deus.

O Salmo 37 enfatiza a bondade do justo: “Confia no Senhor e faze o bem” (v. 3); “o justo se compadece e dá” (v. 21); “é sempre compassivo e empresta” (v. 26). Pela bênção de Deus em sua vida e pelas suas atitudes de bondade para com o próximo, o justo colhe muitos benefícios (v. 19, 23 e 25).

A igreja de Jerusalém, nos seus primeiros anos, conheceu um tempo de multiplicação das boas obras. Os crentes vendiam suas propriedades e entregavam o valor da venda aos apóstolos. O dinheiro não era usado para construir templos, casas ou qualquer aquisição semelhante. Dava-se de comer aos pobres, de tal maneira que “nenhum necessitado havia entre eles” (At 4.34).

Mais tarde, o apóstolo Paulo leva os crentes de Corinto e de outras cidades a praticarem boas obras para com os outros crentes: “Os discípulos, cada um segundo as suas possibilidades, decidiram providenciar ajuda para os irmãos que viviam na Judéia” (At 11.29, NVI).

E aqui, outra vez, vemos como Deus é glorificado com as boas obras praticadas por seus filhos: “Este serviço ministerial que vocês estão realizando não está apenas suprindo as necessidades do povo de Deus, mas também transbordando em muitas expressões de gratidão a Deus” (2 Co 9.12, NVI).

Boas obras precisam ser feitas sem segundas intenções. É o bem que se faz ao crente e ao não crente, pelo simples fato de que assim se comunica o amor de Deus às pessoas. Mas o resultado natural é que as boas obras abrem portas para a evangelização: aquele que recebe o bem abre o coração para ouvir as verdades do evangelho.

Felizmente, cada vez mais Deus vem sendo glorificado em muitos lugares do Brasil pelas boas obras dos evangélicos (atendimento aos que estão com fome, casas de recuperação para usuários de entorpecentes, hospitais, escolas, creches) uma extensa lista de serviços sociais que vêm produzindo ótimo testemunho. Deus nos ajude a multiplicar o que já estamos fazendo.

Boas obras? Muitas. Mas muitas mesmo!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012